terça-feira, 4 de outubro de 2016

Sobre cachorros

      O mal nunca morre e o diabo nunca dorme. Desgraça pouca é bobagem. Adversidades têm crescimento diretamente proporcional em relação ao desgaste que causam. Nunca acaba: só "raleia".
      Vigilante noturno passa de moto às 2h45 seguido de uma matilha de cachorros. Seria um cortejo? Estariam eles sedentos de vingança e famintos por justiça "com as próprias patas", fosse o caso de atropelamento de um membro da "cãofraria"?
      Pois bem...eram 2h45 e eu deveria estar dormindo. Mas resolvi que seria melhor ficar fumando na varanda. Velhos hábitos, quando deixados de lado e dados como mortos, retornam com sangue nos olhos e com muita vontade de compensar o tempo perdido. E trazem consigo válidas constatações. Choques de realidade mais doloridos que o encontro de salto 15 e testículos. Havia um tempo em que eu reclamava por acordar de madrugada para fumar. Hoje a igreja glorifica de pé nos momentos de cochilo entre os cigarros. Caralho: comprei um pacote com dez maços sábado e já acabou tudo.
      Mas eu queria mesmo é falar sobre a matilha que seguia a moto. Nunca vi tantos cachorros de rua por estas bandas. Contei 13. Havia mais. Mesmo eu, que passo longe de ser um defensor dos animais, fiquei preocupado e pensei sobre alguma situação atípica que poderia tê-los afugentado. Não sei. Assim como não sei do paradeiro deles. Mas pude notar que, por pior que seja o fim que os aguarda, eles hão de enfrentá-lo juntos. Um por todos e todos por um.
       O mal nunca morre e o diabo nunca dorme. Desgraça pouca é bobagem. Adversidades têm crescimento diretamente proporcional em relação ao desgaste que causam. Nunca acaba: só "raleia".Mas eles hão de resistir, ainda que sem êxito. Juntos. Invejo-os.

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