segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CONTINUANDO: NÃO É FANTÁSTICO????

Buenas.Deixemos frivolidades como ordem cronológica para situações em que são realmente necessárias, como reconstituições criminais,etc.mesmo porque a ideia aqui não é discorrer sobre tudo o que já pensei em fazer na vida e nunca fiz.Prefiro deixar isso para as palestras etílicas que costumo ministrar nas noites londrinenses.(além do mais,discorrer sobre esse assunto resultaria num volume de proporções bíblicas)

Voltando brevemente à minha infância: caí em contradição algumas vezes,principalmente quando pensei que poderia ser lutador profissional de taekwondo (e olha que iniciei os treinos com a benéfica intenção de descer o sarrafo nos félasdagaita que estudavam comigo e eram maiores que eu).

Foco na pergunta feita pelo "show da vida"?Ok.

O que você queria ser quando crescesse?

NÃO É FANTÁSTICO esperar qu crianças tenham resposta definida,opinião formada e maturidade para responder tal questão?
Podemos (novamente) rotular aqueles que não seguiram as respostas dadas na infância de frustrados?
Por acaso cobrar que sigamos TODOS os sonhos da nossa infância como única maneira de sermos plenamente felizes,sem a terrível sensação de termos feito plano B de nossas vidas é justo?i don't think so.

E NO FIM DAS CONTAS...

Sobra a sensação de ter nascido para ser apanhador em um campo de centeio qualquer.Sobra a quase certeza de que sou mais gauche que Drummond (uma vez que Drummond teve sucesso sendo gauche).E,acima de tudo,sobra o alento (para aqueles que tem humildade e coragem) de reconhecer o erro de uma escolha malfadada e recomeçar.Pelo menos é a ideia que me mantêm longe de antidepressivos e tentativas de suicídio.

domingo, 25 de novembro de 2012

NÃO É FANTÁSTICO???

FANTÁSTICO PERGUNTA: O QUE VOCÊ QUERIA SER QUANDO CRESCESSE?

Parei e pensei um pouco.Será que somente 9% das pessoas conseguem levar a cabo a decisão tomada na infância?E quanto aos 91% restantes: podem ser considerados frustrados,conformados,etc ?

Pessoalmente,na infância nunca tive muita certeza da profissão que seguiria na vida adulta.Na verdade,em plena vida adulta algumas coisas ainda me são transitórias.

Melhor explicar a porra toda em ordem cronológica?Ok.

Na infância só tinha certeza das profissões que nunca,jamais,sob nenhuma hipótese seguiria: ATLETA, PADRE e MILITAR. Detestava esportes, detestava a ideia de servidão e, pincipalmente, detestava a ideia de ser celibatário. Gostava de ficar ouvindo música e, apesar de não tocar ou estudar música, estava sempre atrás de informações a respeito.Também gostava muito de ler e escrever (ainda gosto) e, como na infância eu detestava gente e evitava situações de interação humana que saíssem da zona de conforto das brincadeiras de rua.
Passei boa parte da infãncia pensando em ser escritor, não exatamente um sonho mas aquilo me parecia um caminho natural que, pensava eu, estava sendo traçado pelo êxito em um ou outro concurso de redação e a facilidade com que escrevia paródias (muito embora o extinto programa Concurso de Paródias, apresentado por Moacyr Franco, nunca se interessou por nenhuma das QUARENTA E TRÊS paródias que enviei). Ah sim: também gastei um tempão enviando sugestões de histórias para a Turma da Mônica e Disney (graças aos milhares de gibis que li nas muitas tardes que preferia ficar sob a cama ao invés de brincando na rua), sugestões de pegadinhas para o programa Silvio Santos.Lembrando: isso tudo via correios.De repente muita coisa foi extraviada.

Ok.Sei que já fodi com a porra da ordem cronológica supracitada.Continuo mais além.Por hora pensemos a respeito.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

HOMENS E MÁQUINAS - SOBRE SONHOS E VIDA REAL

Buenas. A partir de hoje postarei algumas letras que tenho escrito para meu novo projeto de música autoral, HOMENS E MÁQUINAS.Logo mais, quando terminarmos as gravações do disco (sim,estamos gravando antes de "bostar" o pé na estrada) criaremos um perfil no myspace para apresentar nosso trabalho.

Em tempo: devo avisá-los que as letras em inglês serão postadas em português.

SOBRE SONHOS E VIDA REAL (letra:Mats Oliveira/música: Rafael Bueno)

Talvez sonhos sejam tiros no escuro
Talvez castelos de areia
Ou talvez desenhos em nuvens
Talvez ninguém saiba ao certo
Mas sonhos são importantes para a vida real
E mesmo que a vida corra rápido demais
Você deve ter alguns sonhos para realizar
E você deve ter força para lutar
Se você quiser que seu sonho se realize
É melhor acordar e começar a lutar por eles
Talvez a vida venha como uma onda forte
Talvez um céu sem nuvens
Mas lembre-se:a vida é construída por sonhos
E mesmo que você não saiba o porquê
Se você quiser que seu sonho se realize
É melhor acordar e começar a lutar por eles

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012-LONDRINA

Olha o Horário Eleitoral estressando Mats Oliveira:

Marcelo Belinati colou no Beto Richa.Tanto que Beto Richa parece até ameaçar o povo londrinense quando pede votos para o "Bilinha".É sério!Tipo "vote no Marcelo ou Londrina será esquecida pelo resto do meu governo e pelos séculos dos séculos".

PERALÁ,GUVERNADÔ!!!

Mas e se...e se o Kireeff ganhar?Fudeu?Simples assim?Não foi o Beto que fez campanha para governo do estado espalhando sua naturalidade londrinense e seu "londrinismo de conveniência" na campanha?Eis aí mais uma para você, incauto leitor e eleitor, lembrar para 2014 quando da tentativa (frustrada,espero) de reeleição do Richa.

Falando em reeleição do Richa: e você, querido professor, ainda acha que haverá concurso do estado antes de 2014?Vai sonhando...

Enfim...como se não bastasse a sombra de Antonio Belinati, o fantasma de Ricardo Barros (sim,aquele maringaense sem-vergonha), o velho sem princípios como vice de chapa (Junker Grassiotto, aquele que disse jamais ser vice de Marcelo) ainda temos que aturar o ilustríssimo sr. governador.Ah, sim: isso tudo regado a acordos muuuuiiiito espúrios firmados entre vários partidos querendo mamar na teta magra que pinga sobre nossa Londrina.

Quem me conhece sabe: votarei no Kireeff.MUITO A CONTRAGOSTO,DIGA-SE.E com certa desconfiança, uma vez que o plano dele de afastar toda e qualquer tentativa de conchavo/coligação/apoio de outros partidos pode muito bem elegê-lo, mas também pode ser o começo para uma gestão de mãos atadas.

terça-feira, 26 de junho de 2012

O desespero dos bebês chorões. OU: falso estímulo versus justiça.

26/06/12. Após um dia maldito de aulas e fechamento de notas e tudo de ruim que o fim de bimestre pode proporcionar, eis que chego numa sala de curso técnico (mais uma daquelas em que os estudantes pensam estar em uma faculdade mas querem ser tratados como café-com-leite). Seria cômico se não fosse trágico e chego a me questionar acerca do ambiente em que essas pobres almas foram criadas.Enfim...
Todo mundo ouriçado, curioso a respeito das notas. Na verdade a curiosidade é mais para saber se o professor seguirá os critérios discentes para atribuição de nota, isto é, se entregam tudo o que foi pedido, ainda que fora do prazo ou copiado da wikipédia com direito a palavras escritas em português de Portugal, leva 10.Como meus pontos são contados, não posso distribuí-los a torto e a direito. Aí já viu:

-Pssor, sabe por que tem muita desistência no curso?Falta de estímulo.
-Como é que é?
-É...porque se a gente vai tirando nota baixa e vê que não passa,logo desiste do curso...
-Fico imaginando a merda que será a vida de vocês se desistirem de andar por conta de um tropeçãozinho besta. Na verdade estou tão desestimulado quanto vocês. Vocês queriam boas notas e eu queria bons trabalhos. A diferença é que eu não fico chorando pelos cantos.
-Ah,pssor. Você diz isso porque não sabe as dificuldades que enfrentamos.Trabalhamos o dia todo, chegamos aqui cansados e no fim de semana queremos ter um tempo para a família e amigos.
-Bom...então abandone este e qualquer curso que você porventura venha a se interessa. "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades".Além do mais, a noção que vocês tem de estímulo vai bem de encontro com a noção que tenho de justiça. E não vou trair nenhum dos meus princípios para ganhar sorrisinhos de alunos.
-Cê é foda,hein pssor.
-Foda é meu pai por ter me feito. E olhe como fala comigo.

Na verdade o problema não se resume às notas. E toma dimensões maiores se aplicado a tudo na vida das pessoas. Explico melhor: o que leva um aluno a pensar que pode obter boas notas com pouco ou nenhum esforço e a se sentir desestimulado com a falta de êxito que nada mais é do que fruto de sua própria displicência pode levá-lo pessoa a esperar êxito na vida sem levantar do sofá ou (pior) passando por cima de qualquer princípio que o leve àquilo que que ele considera como sendo uma vitória?

Deixando as questões maiores de lado: alunos vagabundos ganhando nota de graça? Não se eu puder evitar. Alunos passando de ano sem merecer? Só depois de muita peleia. Ou vocês acham que é só coincidência o fato de eu nunca dar aulas no mesmo colégio dois anos seguidos?

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Mats Oliveira, o Super Herói CASADO????

Semana tensa. Fim de bimestre para professor é sempre um evento de "arrancar cabelo de careca". Mas vamos lá...

Semana difícil: maldita prova de canto coral na faculdade de música, mai tretas nos colégios onde dou aulas...Enfim...se existisse diabo sei que estaria tudo do jeito que ela gostaria que estivesse.

Descreverei as tretas escolares dentro da devida série.Atenhamo-nos ao título deste post.

Estava eu saindo da última aula de sexta-feira.Puto, muito puto. Desci do ônibus após uma discussãozinha com umas "earphoneless bitches". E eis que vejo, em frente à igreja católica perto de casa, uma cena um tanto fora do normal: uma moça sendo abordada por dois culpados (sim,pois já ultrapassaram o que se pode chamar de suspeito), que provavelmente queriam um empréstimo sem devolução ou, em último caso, uma penhora dos bens da moça em uma boca de fumo qualquer.
Não sou dado a "superomismos" mas é o tipo de coisa que incomoda a qualquer um. E como já ando com menos amor à minha vida do que o normal (e quem me conhece sabe que o normal é quase nada) resolvi intervir no causo:

-Algum problema?
-Não, mano. Fica sussa e sai andando.
-Oi,amor - disse a fulana, me dando um beijo no rosto e quase arrancando meu braço - Tenta me assaltar agora que meu marido chegou.

MARIDO? Cumassim, caralho? Logo eu que morro de medo de relacionamentos e tenho alergia a véu de noiva. Sem contar o tipo da fulana, que apesar de ser bem bonita e com IMC na medida certa não se parece em nada com o tipo de mulher com a qual andaria de mãos dadas. Me fodi , pensei. Agora toca o barco.

-Vou perguntar de novo: ALGUM PROBLEMA???
-Desculpaí, senhor. Pessoa errada.

Sumiram na neblina.

-Ai, moçu. Brigada, viu. Se não fosse por você não sei o que ia acontecer...

Sumi na neblina. MARIDO? FUJA, LOCO!!!!

terça-feira, 20 de março de 2012

Alborghetti não morreu!!!

Da série UM PROFESSOR COM MÉTODOS POUCO (OU NADA) ORTODOXOS:

19/03/2012.Muita gente diz que não regulo bem. O problema começa quando, além de acreditar nessas pessoas, passo a agir de modo a fomentar as suspeitas, conforme os fatos abaixo.

Estava eu na sala de aula entregando trabalhos feitos pelos alunos (malfeitos, diga-se) quando um celular toca. Não bastasse o "Ai, se eu te pego" do toque, a fulana me faz o favor de atender, falando alto até para este semi-surdo que vos escreve.

-OIIIII!!!TUDO BEM,QUERIDA?

Paro ao lado.Prostituto da vida:

-Será que você pode sair para atender essa merda?

-Ai, profe. Precisa ser estúpido assim?

-Não estou sendo estúpido. Reze para que eu não seja estúpido.

-Você foi grosso e...

-Cada um tem o tratamento que merece. Imagine agora se eu mereço gente atendendo celular em sala de aula.

-Ah, profe. Mas à noite é diferente. É liberado celular.

-A única diferença que vejo é a ausência de sol.E isso não justifica má educação.

Seguiram-se protestos infundados e outros "mimimi" em defesa da colega mal educada. UM falatório só. Surtei.

-CALABOCA, CARALHO!!!!!

Saí da sala.Voltei para a próxima aula de Ray Ban no rosto, sentei-me e comecei a bater o apagador na mesa e emitir sons guturais enquanto mordia uma caneta. Resumindo: o puro creme dos fãs de Luiz Carlos Alborghetti. Assustei a galera:

-Quiquéisso, pssor??

-Incomoda, não? Agora vocês viram como eu me sinto diante de uma turma barulhenta que fala, fala e não diz nada. Bora estudar!

quinta-feira, 15 de março de 2012

REFLEXÕES PARA 08 DE MARÇO (2010)

As linhas a seguir não são meras congratulações às mulheres por conta do seu Dia Internacional, mas reforçar a idéia da comemoração do 08 de março: fazer com que os homens se lembrem da importância da mulher.

Partamos do principio: Deus acredita nas mulheres. Tanto acredita que, após criar Adão, não tardou em dar-lhe uma companheira. Ressalte-se a palavra companheira, haja vista que Eva foi criada a partir da costela, do lado. Foi para estar ao lado que ela veio. E estar ao lado nada tem a ver com subserviência, este é só um erro de interpretação do homem.

Ainda atestando a fé do Divino na mulher: Maria. Deus poderia ter deixado seu filho vir à Terra como um homem adulto, mas preferiu confiar à uma mulher o destino de Seu unigênito. E foi bem sucedido. Garanto que o Senhor só não mandou uma filha porque, dado o contexto histórico, ela jamais conseguiria se fazer ouvir. E pensaria duas vezes se precisasse mandar seu filho para um homem cuidar. Há religiões em que se cultua a Deusa. Há quem veja a Deusa como sendo a metade feminina do Deus, o lado mais terno e amoroso. Tais religiões são consideradas pagãs. É bem provável que tal “rebaixamento” tenha sido idéia de algum homem temeroso do potencial das mulheres. Há quem considere Maria como sendo a metade feminina. Metade ou não, Maria tem sua importância assim como a outra Maria: a da Penha.

Pensemos nos poetas que se utilizam do eu-lírico feminino para derramar suas lágrimas e tratar com belas palavras os assuntos que nós homens jamais teríamos coragem de mencionar (a menos que sob efeito de álcool). Lembremo-nos das brilhantes canções de Chico Buarque. Ele jamais teria escrito uma linha sem a inspiração feminina. Quantos homens não fazem coisas boas única e exclusivamente para impressionaruma mulher?

Eu poderia até dizer que as mulheres têm sorte pelo fato de os homens estarem mudando de comportamento e se curando da rudeza. Na verdade a sorte é do homem, por ter percebido a necessidade de uma mudança de comportamento. Noto a diferença nos homens da minha geração, por exemplo. E rio ao perceber que estou na mesa de um bar trocando receitas com meus amigos e vejo nossas companheiras pasmas tentando retomar a conversa, cujo assunto provavelmente é trabalho.

Enfim, dou os devidos parabéns e espero o dia em que as coisas serão diferentes. A mulher já pode trabalhar,estudar,votar, viver,etc. Ainda precisa de mais espaço mas sei que viverei para vê-las em posição melhor. E confio na grandeza feminina para crer que desejos de vingança não despertarão a dominatrix, fazendo com que se inverta outra malfadada criação masculina: a guerra dos sexos. Amém.

EM CASA (2009)

Começoestas linhas com uma digressão que pode ou não encontrar explicação no fim deste texto. Digressões, passíveis de explicação ou não, são permitidas para diletantes literatos como eu e, em tais circunstancias, me pergunto por que, dentre os quase sete bilhões de habitantes do planeta, eu insisto em ser um dos poucos a tentar entender e explicar o que acontece nos recônditos sombrios do coração? Não sei. Mas há uma verve que me mantém nesta missão suicida de se deixar devorar pela Esfinge somente pelo bel-prazer de tentar decifrar o enigma.

“Vibramos em outras freqüências”. É o que Humberto Gessinger, um ídolo deste que vos escreve (talvez o maior deles), diz das pessoas que se embrenham por caminhos tortuosos de empreitas malfadadas como esta, de tentar explicar o inexplicável. Começo pelo coração: logo eu que julgava não possuir um me vejo há alguns dias sentindo cada batida desse órgão tentando se adaptar à inóspita caixa torácica fazendo com que o corpo todo trema. Não consigo segurar coisa alguma. Não consigo me segurar. Perco a visão. Passo a enxergar somente a imagem que o coração sugere (leia-se impõe) ao cérebro. Perco a conta das vezes em que quase bato o carro em postes e muros por conta desses devaneios e rio sozinho, me sentindo estranhamente bem.

Carlos Maltz, outro ídolo, costuma dizer que “o coração sempre derrota a razão porque a razão, de tão sensata, desiste da batalha”. Não exatamente com as palavras que usei, mas deixemos as digressões de lado. Assim sendo, noto algumas mudanças de atitude. Nunca me foi tão importante trilhar o caminho da retidão e me empenhar para ser melhor em todos os aspectos da vida. De uns dias para cá tive a estranha experiência de olhar para os dois lados antes de atravessar uma rua e de pensar antes de tomar atitudes. E descobri que isso pode ser bom. Ando pelas ruas, vejo pessoas felizes e isso faz sentido. Até os animais, que sempre me foram um incomodo, são vistos com outros olhos. Eu poderia ter um bichinho de estimação e até poderia ser um bichinho de estimação. Estranho, muito estranho. E o mais estranho são as musicas que tenho ouvido: Chico Buarque nunca desceu tão redondo. Até Jorge Ben está começando a aparecer na Playlist. Sem contar que ultimamente me flagro ouvindo coisas que outrora soariam ridículas aos meus insensíveis ouvidos e hoje não só fazem sentido como são ouvidas, tocadas e compartilhadas via internet. Sim. Compartilhadas. Existe alguém a quem se deve atribuir a culpa de tudo, haja vista que não é da natureza masculina agir de forma a melhorar como pessoa por conta própria.

O que é estar em casa? O que é realmente necessário para se sentir no “aconchego do lar”, no “refúgio do guerreiro”? Cada um pode apresentar uma definição diferente para tal evento. Eu não saberia definir exatamente mas é a única coisa que me vem à cabeça ao tentar explicar o que sinto. Sinto-me em casa, não como um gato domesticado e gordo na monotonia do cotidiano mas sim como uma espécie de filho pródigo retornando para onde jamais deveria ter saído.

FIAT LUX (2009)

Meia noite e vinte e cinco. Luzes apagadas. Dizem que está por aí, sempre a nos rondar. Tal qual a morte, aparecendo quase sempre quando menos se espera. Talvez seja este o meu erro: procurar incessantemente o mais genial dos insights. Reza a lenda que procurar pela idéia genial é como procurar carteiras abarrotadas de dinheiro pelas ruas, ou seja, nunca estão lá quando se quer ou se precisa. Tal qual a morte (desde que o insight não me surja na hora do infarto ou atropelamento. Credo).

Vivo tecendo queixas às minhas amigas sobre a minha atual descrença no evento denominado "inspiração". De alguns meses para cá e sabe-se lá por qual motivo minha mísera produção musical e literária decaiu ainda mais. Parte disso deve ser atribuída à minha mania de manter as coisas coesas, sem que soem repetitivas. E a outra parte: falta de inspiração? Não sei ao certo, haja vista que conto nos dedos as vezes em que realmente me senti inspirado,recebendo idéias como sendo entidades que nos surgem de maneira mediúnica ou algo que o valha. Não! Há que se suar os panos para pagar a conta da luzinha que se acende ao lado da cabeça. É bem isso: por aqui as coisas se dão na base da (ins)piração, da labuta com papéis e canetas e instrumentos no colo como que cobrando resultados do meu lado criativo cada vez mais escasso .

Acabo de criar mais um problema. E sem ajuda de ninguém! Não sendo falta de inspiração,o que mais pode ser? Excesso de trabalho? Bem provável. Em meio aos "me ensine a tocar aquela música" ou "tire estas treze para o ensaio de amanhã" meus momentos de observação da espécie humana (leia-se ócio) caminhando e cantando e parando nessa ou naquela lanchonete do calçadão extinguiram-se graças à mecânica cotidiana. Madruguismos à parte (sim, madruguismos: adultos também assistem Chaves quando podem), tenho plena consciência de que "navegar também é preciso", muito embora eu precise, mais do que a média, dessas horas de ócio.

Talvez seguir o conselho que sempre me dão e organizar as coisas por aqui: papéis pelo chão, horários, honorários, cabeça e coração. Na verdade vivo pelejando com os dois últimos itens, desde a última vez em que saí de verdade de Londrina (mas isso é assunto para outra crônica, embora já tenha gerado uma). Papéis e horários organizados e noites livres para pensar (a tal luzinha das idéias me é invisível à luz do sol). Uma e oito da manhã,luzes apagadas e...FIAT LUX! As linhas acima podem ser um bom começo. Do contrário esperarão até amanhã.

ONDE ESTÁ O AMOR? (2008)

Escrevo estas linhas embasado nas reflexões de fim de ano. No meu caso elas começaram em meadosde novembro por conta de um e-mail recebido. Era uma velha e grande amiga, que hoje vive no RS, dizendo que me mandaria de presente um CD, cujo título (extremamente desconcertante, diga-se de passagem) utilizei para este desabafo. Ela também me disse se tratar de canções tristes mas que,de alguma forma, me animariam e concluiu explicando a idéia do presente: tentar me fazer ver o Natal com bons olhos.

Sei que não sou o único ser sob o sol que poderia passar o resto da vida sem ouvir falar em Natal. Não sei de onde vem a depressão que me acomete nesta época. Papai Noel e o Menino Jesus não me animam. Vallium e Roberto Shinyashiki já não ajudam. Freud e Humberto Gessinger não explicam (e, cá entre nós, me amedrontam as coisas para as quais Gessinger não tem as respostas). Talvez se eu fosse comerciante ou se ainda fosse criança as coisas seriam diferentes. Paciência.

Comecei a divagar pelas ruas da cidade com Leonard Cohen nos fones de ouvido. Na verdade não tenho certeza se ouvia Leonard Cohen ou qualquer outro cantor cujo nome me fugiu da memória. Não importa. Importa é saber onde está o amor: não o amor romântico ou o amor impermanente trazido pelo chamado "espírito natalino", gerando efêmeros focos de bondade e "paz na Terra aos homens de boa vontade" que se dissipam no fim das festas. Refiro-me ao amor como um todo, aquele que deve reger nossos atos durante o ano todo, mas que só se vê em datas como esta. Talvez esteja aí meu problema com o Natal: a curta duração dos bons sentimentos.

Continuei a divagar, devagar e sempre, observando as coisas ao redor. Perdido entre presentes e presépios e a alegria de pessoas que, por hora estão juntas mas logo retomarão as contendas do dia-a-dia, me perguntava se havia algum sentido em tudo isso. Há sentido em quase tudo então por que seria diferente dessa vez?

Resolvi reformular a pergunta do titulo do CD. Descobri que minha inquietação consistia em saber onde o amor esteve o ano todo para aparecer só agora. E descobri mais ainda: que toda essa tristeza vem do estranhamento causado pelo espírito de natal, da sua simples existência. É sério: não seria melhor se não houvesse estranhamento nenhum? Se o amor de fim de ano que brota no peito da maioria conseguisse sobreviver aos rojões de ano novo e resistisse às atribulações dos meses vindouros? O natal, como feriado e festa perderia sentido, posto que já estaria lá o que teria que nascer: o amor. Não sei quanto a vocês que me lêem mas, para mim parece um bom negócio. E uma ótima resolução para 2009.

ZEN E O CALÇADÃO DE LONDRNA (2008)

Calçadão de Londrina. Caminhar no calçadão, pelo menos para mim, sempre pode trazer uma nova experiência e sempre é um aprendizado construtivo. Talvez eu seja um dos poucos que ainda conseguem manter um olhar contemplativo ao trafegar por ali pelo simples fato de insistir em manter meus pés numa velocidade abaixo da especificada pela "Normativa do Progresso" ou algo que o valha. A vida é realmente veloz!Certa feita ocorreu de encontrar por ali um amigo que há muito não via e lhe perguntar como estava correndo a sua vida ao invés de me utilizar do prosaico "como andam as coisas?". Não,ele não teve tempo de me responder.Tudo bem: vivendo e aprendendo a lidar com o mundo que nos permeia.

Entendo as pessoas que andam assim,apressadas. Tento entender,pelo menos. Todos têm suas obrigações. Eu mesmo as tenho e escrevo estas linhas baseando-me no que observo enquanto me dirijo para um ou outro compromisso. Não tem jeito: a mania de olhar ao redor é mais forte do que a pressa.

Paro numa daquelas lanchonetes e peço uma cerveja. Nenhum compromisso naquela tarde de sexta-feira. Encho o copo e começo a pensar nas pessoas que correm enquanto eu as observo: o que pensam enquanto passam por ali? Será que elas me observam também? Notam a existência do homem sentado à mesa em plena tarde? Acho que não. Talvez sejam só aquelas pessoas da sala de jantar dos Mutantes (sim,era o que estava ouvindo naquele instante). Mesmo assim gostaria de saber o que elas pensam a meu respeito, se é que pensam. Melhor não: consumo de álcool às três horas da tarde de sexta-feira não é visto com bons olhos. Paciência.

Anos de observação nas lanchonetes do calçadão me ensinaram que se em meia hora não aparecer nenhum conhecido para me acompanhar na cerveja é porque realmente há algo errado no mundo. Mas o que? Começo a buscar uma resposta mas meus pensamentos logo fogem do controle e se confundem com o barulho de uma corneta tocada por um senhor trajando terno, gravata e bíblia que,com sua voz estentórea, gritava para quem quisesse ou não conseguisse deixar de ouvir coisas do tipo: "o fim está próximo", "arrependei-vos pois o reino dos céus está chegando" ou ainda "Jesus está voltando". O homem se afasta a passos lentos levando seu discurso urgente a outros lugares. Discurso urgente e passos lentos: um tanto quanto contraditório,não? Não importa. Começo a pensar na proximidade do fim:será o fim uma espécie de combustível que impulsiona os motores humanos que contemplo nas tardes de ócio do calçadão? Talvez. Mas que fim é este? Fim do mundo? Fim da vida? Fim de mês? Fim do dia? Muito provável que na pressa das pessoas se encerre o temor de todos esses "fins". Talvez até exista, no recôndito do ser deste incrédulo que vos escreve, um pouco desse medo. Talvez.

Peço mais uma cerveja. Prefiro não pensar no fim do mundo. Quanto ao fim da vida, do mês e do dia gostaria de dizer aos meus inócuos transeuntes que :1- Não há quem escape da morte; 2- Pouquíssimos escapam do terror do fim de mês e; 3- Amanhã começa tudo de novo, na mesma correria. Talvez eu ainda diga isso a eles. Por que não gritar minhas verdades como aquele homem gritou as dele? Depois de mais umas cervejas, quem sabe.

Nenhum conhecido apareceu naquela tarde e as palavras daquele homem ainda ecoavam no meu cérebro : "o fim está próximo", "Jesus está voltando". Jesus está voltando? Pode ser. E pode ser hoje, aqui e agora. É melhor pedir mais um copo ao garçom.

Meteórica (2008)

Meteórica.A única palavra que me vem à cabeça quando penso em como tudo aconteceu.A única palavra capaz de descrevê-la.Meteórica.Rápida e devastadora.É engraçado como coisas tão significativas podem acontecer em tão curto espaço de tempo.De repente aparece a solução para as maiores questões do (meu) universo.Quem sou?Pergunta difícil,talvez a mais difícil delas mas,a princípio, posso assegurar que não sou o mesmo homem de dias atrás.Definitivamente não.

Onde estivemos antes daquele encontro?Foi a primeira coisa que me ocorreu quando ficamos à sós.Na verdade,a dúvida era de tal modo atroz que não hesitei em perguntar.Ela disse não saber e,sinceramente,acreditar nessa resposta me tortura bem menos.Sei muito bem onde eu estava.E como sei.Sim senhor,sempre no lugar errado. Por que dessa vez seria diferente?Destino?Há quem diga que cada um tem plenos poderes sobre seu destino.Há quem escreva canções a respeito.(Cá entre nós,eu mesmo já caí nessa armadilha.E enquanto digito estas linhas posso ouvir o crepitar das chamas queimando as tais canções).Voltando ao assunto:MALDITOS SEJAM!Se me fosse permitido vaticinar o futuro,certamente estaria desde o primeiro dia nas palestras e plenárias sem nenhum arrependimento por ter deixado de ir à praia.Paciência.

O que me levou àquela cidade?Não,não pode ter sido mera necessidade de me ausentar de Londrina por uns dias só para ver como a coisas andam sem mim.Claro que eu precisava de uns dias afastado da terra natal.E que atire a primeira pedra quem disser que não precisa.Mas hoje percebo que havia algo mais naquela empreitada,algo que a vida precisava urgentemente me ensinar.Destino.Acredito em destino,mas acredito como sendo algo fora do alcance das mãos.

Como a conheci?Muito provável que tudo teve início em uma troca de olhares.Clichê?Não ligo.E não criarei situações absurdas para fugir de clichês e pieguices.Aliás,ao pensar naquela noite de sábado notei que não houve estranhamento nos olhares.Nada é por acaso.Será que já nos conhecíamos?Sei lá,de algum veda ou de outras vidas?Algum veda,outra vida.Logo eu que vivo batendo no peito bradando o agnosticismo me flagro utilizando elementos do hinduísmo numa tentativa frustrada de explicar o inexplicável.Que posso fazer se ela gosta de hinduísmo.Tudo por causa dela.Meu Deus!Ops,até de Deus me lembrei.Realmente nada é como antes.

Enfim a conheci,após dois dias andando na escuridão cheguei onde sempre deveria estar desde o começo:do evento,do mundo,tanto faz.Bebi seu vinho.Seu vinho,meu vinho,nosso Soma.Iluminação.Autoconhecimento.Confusão entre alegria pueril e desejo adulto,macho.O abraço:acolhe,envolve,enleva.O beijo: urgente, transcende,eleva.Quem de nós levitou primeiro?Não sei.Nem ela.Não importa.Fugimos do mundo e de todos que tentaram nos separar.

Coragem.Essa foi a lição que a vida me deu usando o mais belo artifício:ela.Nosso encontro me remete ao Gita:eu,Arjuna,grande guerreiro sem coragem para lutar;ela, Krishna,me encoraja e me abre os olhos.Jamais ousaria escrever essas linhas antes dessa experiência maravilhosa.Gracias a la vida!

Abraço de despedida.Se o destino for amigo,aquela foi só a primeira das despedidas embora ela sempre estará comigo,não importando a distância. Lembranças.Sempre me lembrarei daquela noite,da lição,da passagem dela pela minha vida.Rápida e devastadora.Meteórica.

terça-feira, 13 de março de 2012